Tribunal de Justiça do Espírito Santo profere Decisão Judicial Inédita no Brasil

Tribunal de Justiça do Espírito Santo profere Decisão Judicial Inédita no Brasil

Justiça brasileira autoriza registro de três pais e uma mãe em certidão de nascimento, marcando um avanço na inclusão e reconhecimento de famílias diversas.

Justiça brasileira autoriza registro de três pais e uma mãe em certidão de nascimento, marcando um avanço na inclusão e reconhecimento de famílias diversas. A Justiça brasileira deu um passo significativo no reconhecimento da diversidade familiar ao permitir que uma família de Vitória registre os nomes de três pais e uma mãe na certidão de nascimento de um menino de 10 anos.

A história começou há uma década, quando o menino foi registrado com os nomes de seu pai e sua mãe biológicos. No entanto, desde o início, a criação da criança contou com a participação ativa do tio paterno e de seu companheiro. O vínculo que inicialmente era de suporte esporádico tornou-se uma convivência regular e afetiva.

O rompimento do casamento dos pais biológicos, quando o menino tinha apenas 1 ano e 6 meses, intensificou essa convivência. A criança passou a morar integralmente com o tio e o marido dele, que assumiram responsabilidades essenciais, como educação, saúde e lazer.

Segundo Ana Paula Morbeck, advogada e presidente do Instituto de Direito de Família do Espírito Santo (IBDFAM-ES), o casal homoafetivo foi fundamental no desenvolvimento saudável da criança.

“Eles ofereceram amor, segurança e uma estrutura sólida, contribuindo para o bem-estar emocional e físico do menino”, destacou Morbeck.

Primeiro Obstáculo Judicial

Em 2019, todos os quatro pais entraram com uma ação judicial para incluir os dois novos nomes na certidão de nascimento. O pedido foi negado, com a Justiça de primeira instância afirmando que a mudança deveria ser feita por meio de um processo de adoção — algo que não era desejado pela família.

A Argumentação da Família

De acordo com Morbeck, a criança reconhecia os pais biológicos, mas também os pais socioafetivos como parte integral de sua vida. Assim, o desejo de formalizar essa realidade surgiu de todos os envolvidos, incluindo o próprio menino, que já na escola expressava convicção sobre sua estrutura familiar.

Reconhecimento Após Apelação

Após recorrer da decisão inicial, o Tribunal de Justiça do Espírito Santo reconheceu o direito dos pais socioafetivos. Em 21 de janeiro, foi autorizada a inclusão dos nomes de todos os pais na certidão de nascimento.

O Que é Filiação Socioafetiva?

A filiação socioafetiva é o reconhecimento legal de vínculos familiares baseados no afeto, independentemente de laços biológicos. Nesse caso, a decisão considerou a realidade vivida pela criança, priorizando o bem-estar e os desejos do menor.

“Essa decisão é um marco, pois reconhece que o amor e o cuidado são a base de qualquer estrutura familiar”, afirmou Morbeck.

Impacto para Outras Famílias

A decisão inédita pode abrir precedentes para que outras famílias no Brasil reivindiquem direitos semelhantes. Para Morbeck, o caso reforça a importância de reconhecer diferentes configurações familiares e promove segurança jurídica e inclusão.

“Famílias não têm um único formato. Essa decisão fortalece vínculos de afeto e diversidade, além de servir de inspiração para outros casos semelhantes”, disse a advogada.

Este caso marca um avanço significativo na forma como o sistema jurídico brasileiro reconhece as múltiplas configurações familiares. Ele demonstra que laços afetivos podem ser tão relevantes quanto os biológicos, abrindo caminho para uma sociedade mais inclusiva e diversa.

FAQ

 

  1. O que é filiação socioafetiva?
    É o reconhecimento legal de laços familiares baseados no afeto, sem necessidade de parentesco biológico.
  2. Essa decisão pode ser aplicada a outras famílias?
    Sim, a decisão pode servir como precedente para casos semelhantes no Brasil.
  3. Por que o primeiro pedido foi negado?
    A Justiça de primeira instância alegou que a inclusão dos nomes deveria ser feita por meio de adoção, o que não era o desejo da família.
  4. Qual a importância dessa decisão?
    Ela promove inclusão, segurança jurídica e reconhecimento da diversidade familiar.
  5. Quais são os benefícios do registro socioafetivo?
    Além do reconhecimento oficial, ele garante direitos e fortalece vínculos de amor e cuidado.
  6. Como essa decisão pode inspirar outras famílias?
    Ela demonstra que é possível buscar o reconhecimento de configurações familiares diversas, priorizando o bem-estar das crianças.