Calor Intenso: Vitória Antecipa Estratégias para Lidar com Altas Temperaturas
Prefeitura avalia medidas estratégicas para minimizar os impactos das mudanças climáticas na qualidade de vida
As intensas ondas de calor e outros eventos climáticos extremos exigem planejamentos urbanísticos para cidades do País. Em Vitória, um estudo em elaboração já avalia medidas estratégicas para minimizar os impactos das mudanças climáticas na qualidade de vida dos capixabas.
O Plano de Adaptação a Eventos Climáticos Extremos está em desenvolvimento pelo professor doutor Carlos Nobre, um dos mais renomados climatologistas do País e um dos cientistas brasileiros mais conhecidos mundialmente.
O estudo prevê a definição de ações prioritárias que visam mitigar os efeitos dos impactos no clima sobre a capital capixaba.
As medidas são de curto e de longo prazo. No início de 2024, a Prefeitura de Vitória já vai ter uma base do estudo e, depois, deve instituir uma nova política para lidar com o problema no município, explica o secretário municipal de Meio Ambiente, Tarcísio Föeger.
Entre as medidas, estão obras de macrodrenagem, contenção de encostas, treinamento da população de áreas de risco, monitoramento via satélite e radar meteorológico, todas com foco principal em populações mais vulneráveis, explica o secretário. Algumas já estão em execução pela prefeitura, antes mesmo da entrega do estudo.
“Na nossa região, há maior aquecimento e secura do ar. Teremos aumento gradativo no volume de chuva e podemos esperar que pancadas de chuva, por exemplo, se tornem mais comuns. O plano de adaptação aos eventos irá nos preparar para lidar com eles”.
Com o crescimento das cidades capixabas, a região urbana tende a ter ilhas de calor intensas, alerta o professor, doutor em Geografia e pesquisador Wesley Correa.
Para ele, já há uma condição de emergência climática no mundo.
“A Grande Vitória precisa de um plano estratégico para lidar com os eventos climáticos extremos. Há questões latentes, como construção de casas em áreas de risco, planos diretores urbanos obsoletos em relação às mudanças climáticas e o aumento do nível do mar”.
Os eventos climáticos extremos afetam também a economia do Estado, pontua a professora Kyssyanne Oliveira, do Departamento de Ecologia e Oceanografia da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes).
“Há 10 anos, o Estado passou por um dos maiores eventos extremos de chuva. Já devíamos ter um plano de contingência ou de alerta, orientações sobre como agir e estudos sobre impactos na economia”.
“Esforços para os mais vulneráveis”
Tarcísio Föeger – Essas medidas do Plano de Adaptação a Eventos Climáticos Extremos são importantes para o futuro da cidade e envolvem toda a estrutura urbana do município.
Estamos estudando para oferecer um conjunto de medidas que acompanhem, da melhor forma possível, esse cenário adverso das mudanças climáticas.
O foco deve ser em populações mais vulneráveis?
Os efeitos das mudanças climáticas afetam fortemente populações mais carentes, com questões de vulnerabilidade relacionadas à moradia.
Essas pessoas sofrem mais, por exemplo, com alagamentos e deslizamentos. São razões históricas para isso.
Nosso plano municipal precisa contemplar essas populações e criar um quadro de emergência, de contenção de riscos, de treinamento e de políticas habitacionais e urbanísticas.
Estamos centrando os nossos esforços nas populações mais vulneráveis
O plano definitivo deve ser anunciado quando?
Ainda não temos uma data definida, mas o plano básico já para uma avaliação deve ficar pronto no início de 2024.
Depois, devemos instituir uma nova política para lidar com o problema no município.
Enquanto não elaboramos o plano, já estamos implementando políticas públicas para lidar com essa nova realidade climática em nossa cidade, como os projetos de macrodrenagem, o aumento das áreas verdes, o reflorestamento de Mata Atlântica e a contenção de encostas, pois podem causar risco iminente a moradores.
ENTENDA
Plano de adaptação
O Plano de Adaptação a Eventos Climáticos Extremos, da Prefeitura de Vitória, é um estudo em desenvolvimento que prevê definição de ações prioritárias que visam mitigar os efeitos dos impactos no clima da capital. A parte inicial do estudo estará pronta no início de 2024. O plano definitivo ainda não tem data de entrega.
Medidas
Obras de macrodrenagem
As obras de macrodrenagem, junto à limpeza dos rios, permitem que a água das chuvas escoe rapidamente, principalmente com o cessar das chuvas, ou seja, elas visam aprimorar a eficiência do sistema de drenagem. Com os eventos climáticos extremos, as chuvas tendem a se tornar mais intensas, e, por isso, as cidades precisam ter um sistema de drenagem capaz de evitar impactos, como alagamentos, por exemplo.
Contenção de encostas
A contenção evita deslizamentos e escorregamento de encostas e morros. O serviço é feito com técnicas apropriadas e que se adaptam à realidade de cada local. As obras garantem maior segurança para as famílias que vivem em regiões de risco. Com os fenômenos naturais cada vez mais intensos, a contenção de encostas atenua o problema.
Treinamento da população de áreas de risco
Esse treinamento cria protocolos de gerenciamento e medidas estratégicas para lidar com o estado de risco climático, principalmente para atuação em ocorrências relacionadas às chuvas intensas. Primeiros socorros, arremesso de corda e orientações sobre o que fazer diante de enxurradas, desmoronamentos e soterramentos são algumas das medidas.
Monitoramento via satélite e radar meteorológico
As medidas de monitoramento das condições climáticas oferecem informações de qualidade para a gestão pública monitorar possíveis eventos climáticos extremos e preparar a população, além de ações preventivas e de reparação, para lidar com efeitos indesejados.
Foco em populações mais vulneráveis
Os efeitos das mudanças climáticas afetam fortemente populações mais carentes, com questões de vulnerabilidade relacionadas à moradia, por exemplo. Elas sofrem mais com alagamentos, deslizamentos e ilhas de calor. Por isso, o plano deve focar em algumas medidas específicas para essas populações.
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