Iniciativa Inovadora: Grupo Discute Medidas para Tornar o ES Referência em Saúde

Iniciativa Inovadora: Grupo Discute Medidas para Tornar o ES Referência em Saúde

Há cerca de dois meses, o Espírito Santo passou a contar com um importante apoio para os assuntos referentes à saúde. Composto por investidores, profissionais da área, empresários e escolas de formação, o Colegiado da Saúde tem como objetivo discutir soluções para os principais gargalos identificados no segmento, além de fomentar o setor.

Mestre em Saúde Pública e doutora em Odontopediatria, Alice Sarcinelli é a presidente do Colegiado da Saúde. Ela também é a head de saúde da Rede Vitória – com a página Vida Saudável no Folha Vitória e apresentação do programa Check-up Saúde.

“A partir da escuta do que o outro está fazendo, a partir da união e colaboração, eu tenho certeza que vamos transformar e fazer do Espírito Santo realmente um ‘Estado Saúde’. A gente não quer só concentração de profissionais, de empresas bem-sucedidas, queremos também que isso se reflita na saúde da população e, para isso, a união da cadeia é fundamental”, disse.  

Integrante do colegiado, Pedro Rigo, superintendente do Sebrae-ES, destacou as motivações que o fazem integrar o grupo. Uma delas é conhecer de forma mais aprofundada as dores e o setor como um todo, que também atravessa negócios e empreendedorismo.

“Para além do tratamento da pessoa e para o que é de fato a necessidade do profissional de saúde, tem um outro lado que é a viabilidade do negócio, do consultório, da parte econômica, dos médicos, dos profissionais de saúde.”

Para Rigo, a ideia é ajudar esses profissionais a criarem modelos de negócio e a estruturar a atividade como um todo, e a população poderá ser beneficiada com resultados positivos e serviços de excelência.

Nesta quarta-feira (6), o grupo formalizado durante a 2ª edição do Saúde em Fórum, que aconteceu na Praça do Papa, no último 27 de outubro, se reuniu pela primeira vez.

Em pauta, alinhar as frentes de trabalho para 2024 e traçar planos de ação para o enfrentamento de dois importantes pontos: o fantasma de um possível apagão dos profissionais de saúde e as dificuldades relacionadas ao crédito e aos serviçosfinanceiros para o setor da saúde no Estado.

“Nós temos duas temáticas fortes para 2024 que são a formação profissional, então, o Senac está liderando através do Richardson (Schmittel), seu diretor executivo e da Zenaide, de inovação, a interface para a escuta sobre o que o mercado precisa melhorar na formação de nível técnico no Espírito Santo”, pontuou Alice Sarcinelli.

Atualmente, o estado apresenta um número alto de profissionais de nível superior. A ideia é pensar melhor a distribuição e a atração desses profissionais para o interior e, além disso, melhorar o déficit de profissionais de nível técnico.

Vitória: “capital” dos médicos e dentistas do Brasil

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a proporção de um cirurgião-dentista para 1.500 habitantes seria considerada suficiente para atender as demandas da população local. Mas, no caso de Vitória, há 8,6 dentistas para cada grupo de 1.500 habitantes.

Em relação à razão de médicos por mil habitantes, entre as capitais brasileiras, Vitória também sai na frente, com 14,49 profissionais.

Quanto às unidades da federação, o Espírito Santo vem em sexto lugar com a maior concentração de médicos.

Esses e outros dados ajudam a demonstrar a necessidade de tratar de gestão em saúde no território capixaba, de acordo com os integrantes do colegiado.

Isso por quer, apesar de Vitória apresentar entre as capitais brasileiras a maior proporção de médicos e cirurgiões-dentistas a cada mil habitantes, quando se fala em mão de obra técnica na área da saúde, a situação é outra.

 

Falta de profissionais e perspectiva de mercado de trabalho

Durante o evento Saúde em Fórum, em outubro, o diretor regional do Senac-ES destacou números relevantes. A perspectiva, diante do cenário atual, é de que até 2030 o Estado tenha mais idosos do que jovens no mercado de trabalho.

Na prática, isso significa que o crescimento será de 30% de demanda de profissionais dentro dos próximos 7 anos.

Em contrapartida, não haverá a mesma quantidade de jovens qualificados chegando para atender a esse mercado.

Cristiano Carvalho, diretor-geral da Escola Americana de Vitória, e integrante do colegiado, falou sobre a importância de se trabalhar a educação desde a base.

“A educação forma a criança, desde o primeiro dia na escola, todos nós, na verdade, estamos em formação, isso não acaba nunca, então quando você prepara a criança, intencionalmente através de um currículo, para que ela aprenda a desenvolver as competências e permanecer um aprendiz para a ida inteira, você está contribuindo para a formação deste profissional que pode ser um profissional de saúde. Ele pode ter qualquer outra profissão, mas ao entrar na saúde, ele vai ter as competências que ele vai precisar usar e que não são desenvolvidas de uma hora para a outra”, destacou.

 

Pesquisa inédita mostra setor com difícil acesso ao dinheiro

Uma pesquisa de saúde inédita feita pelo Sebrae-ES chama atenção para uma realidade que preocupa protagonistas do setor de saúde no Estado. Atualmente, faltam linhas de crédito e financiamento para profissionais do segmento e também para pacientes.

Com o estudo em mãos, o grupo agora pretende ir a campo, em busca de melhorias, desburocratizando transações financeiras, para conseguir um acesso mais rápido e facilitado não somente para quem fornece, mas também para quem precisa contratar os serviços de saúde no estado.

Ao todo, nove instituições bancárias foram pesquisadas durante duas semanas, quando foram levantadas as condições atuais no mercado de crédito voltado para pequenos negócios do segmento de Saúde.

Diretor do comitê estratégico do colegiado, o médico Luiz Sobral, falou sobre a necessidade de equacionar esse e outros problemas.

“É criar um ambiente de colaboração e de discussão desses problemas que a saúde enfrenta tanto na área da regulação, como na área do financiamento, na área da assistência, envolvendo formação, novas tecnologias. O colegiado vem com a proposta de buscar soluções possíveis para questões complexas que envolvem a saúde do nosso Estado.” 

O Colegiado da Saúde é composto por lideranças e entidades de vários segmentos, entre eles: AS Consultoria, Sebrae, Senac, LMC, Unidas Autogestão em Saúde, Sesi, Odontoscan, Alphaon, Hugb, Rede Vitória, Santa Casa de Vitória e Escola Americana de Vitória.

“Precisamos gerar transformação. E transformação para toda a cadeia do setor da saúde. Desde o paciente às instituições. Eu acho que o grande ganho é a gente gerar essa transformação. Por isso, é preciso conectar diferentes atores de toda a cadeia. Nós temos desde uma escola de formação básica, a academia, o Sebrae, o Senac, até os hospitais neste movimento, e até mesmo a Rede Vitória. Para chegar na transformação que a gente quer, precisamos reunir todos esses atores”, pontuou Anna Paula Oliveira, líder de Inovação no Hugb.