Assistência social promove ação com participação de pessoas em situação de rua
As pessoas em situação de rua atendidas nos espaços da Assistência Social de Vitória tiveram a oportunidade de participar na manhã desta quarta-feira (16) de uma grande ação conjunta, que transformou o Centro de Evangelização Santa Clara (Cescla), em Jardim da Penha, no ponto de oferta de serviços prestados pelas secretarias de Assistência Social (Semas), Saúde (Semus) e Cidadania, Direitos Humanos e Trabalho (Semcid).
Com a união dessas políticas públicas, os participantes tiveram acesso facilitado a orientação jurídica, aferição de pressão e testes rápidos, atualização do Cadastro Único (CadÚnico) e encaminhamento para o mercado de trabalho. Para alguns, além de acesso a direitos, o dia foi de revisitar o passado, de dançar, cantar e, principalmente, reativar sonhos.
Um deles foi o usuário do Centro de Referência para Pessoas em Situação de Rua (Centro Pop) Whashington Luiz Fonseca de Moura, 40 anos, sendo 17 deles em situação de rua. Ao olhar o “painel de sonhos”, ele revelou que seus maiores sonhos são voltar a ver os filhos de 7 e 9 anos, que não os encontra há quatro anos, e voltar a trabalhar.
Mas, enquanto isso não se concretiza, Whashington disse que encontra forças para se reerguer nas atividades que realiza dentro do Centro Pop. “Lá, tenho as refeições, condições de tomar um banho e voltei a estudar. Não está sendo fácil a mudança de vida, mas estou empenhado para mudar. Eu quero mudar”, falou repetidamente.
Hoje, segundo ele, a maior motivação vem das oficinas de culinária e dos estudos para participar de um concurso que vai escolher a melhor receita. Whashington disse que já tem o prato escolhido: estrogonofe. Lógico que a pergunta foi, por que a escolha de um prato russo? A resposta foi emotiva. “A minha família era muito humilde. Minha mãe fez uma única vez, quando a gente era pequeno. Sempre tinha vontade de comer, mas nunca podia. Isso ficou gravado na minha cabeça. Lembro disso até hoje”, falou, revelando que comeu quando tinha 11 anos de idade.
E foi em busca de uma nova oportunidade de emprego que Moisés chegou cedo ao Cescla. Moisés disse ter o sonho de voltar a trabalhar como porteiro, ofício que executava antes dos conflitos familiares o obrigarem a sair de casa e ficar na condição de pessoa em situação de rua há dois anos.
Moisés revelou que todo o apoio que recebe vem do Centro Pop, Abordagem de Rua e da Hospedagem noturna (todos espaços da Assistência Social). “Com a ajuda deles voltei a estudar e participar das oficinas de cuidador de idosos, porteiro e, até consegui uma vaga no curso de técnico de metalúrgico, no Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes). “Agora, espero conseguir um emprego para sair dessa situação”, falou ele, após preencher a ficha de encaminhamento no Sine.
Esperança
Desde os 16 anos em situação de rua, Antônio Ribeiro Lins, de 52 anos, disse que ao saber da ação ficou animado com a possibilidade de voltar a trabalhar. “Quero uma vaga de porteiro, uma profissão que gosto e já fui”, afirmou ele. Antônio, que estava apoiado em muletas, imediatamente acrescentou: “Estou assim, porque fui atropelado. Mas pra trabalhar eu esqueço as muletas. Um trabalho vai me ajudar muito. A gente precisa estar com a cabeça ocupada”, garantiu ele.
Presente na ação, o líder do Movimento Nacional de População em Situação de Rua Bruno Donato, disse que o dia era de luto e luta da população em situação de rua. “Estamos lutando para sobrevivermos. Temos a política de Assistência Social que nos atende. Todos os equipamentos da Assistência Social estão funcionando. Todos os trabalhadores estão atuando de acordo com a política nacional”, disse ele.
Garantia de Direitos
O secretário de Cidadania, Direitos Humanos e Trabalho, Diego Libardi, parabenizou a equipe pelo carinho e dedicação na execução do trabalho, que faz a diferença na vida das pessoas. O secretário fez questão de reforçar a importância de produzir políticas públicas integradas. “Isso faz toda a diferença “, frisou.
A secretária de Assistência Social, Cintya Schulz, destacou que o trabalho realizado pela secretaria é para que a condição de rua seja superada, por meio da garantia de direitos. “É o que a gente quer. É o que a gente acredita, enquanto gestão pública”, afirmou ela.
Cintya fez questão de agradecer aos trabalhadores do Sistema Único da Assistência Social (Suas) por fazerem um trabalho articulado com as outras políticas públicas tanto na média, alta, quanto na proteção social básica. “Como é importante que outras políticas públicas estejam presentes. Ninguém da conta de um indivíduo sozinho”, enfatizou ela.
A ação foi uma promoção do Serviço de Abordagem Social (Seas) e do Centro de Referência para Pessoa em Situação de Rua (Centro Pop), em alusão ao Dia Nacional da Luta da População em Situação de Rua, 19 de agosto, que marca o triste episódio conhecido como o “massacre da Sé”.
Fonte: PMV
Moderação e Revisão de Conteúdo Geral. Cadastre-se gratuitamente e receba notícias diretamente em seu celular. Clique Aqui