Ministério da Saúde faz visita técnica à Sesa para discutir cenário de doenças como a dengue
A Secretaria da Saúde (Sesa) recebeu, nessa segunda-feira (20), a visita técnica de profissionais do Ministério da Saúde e da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS). A equipe, formada por epidemiologistas, médicos, especialistas em controle vetorial e profissionais da assistência, fica no Estado até esta sexta-feira (24), quando apresenta o diagnóstico e avaliações sobre o cenário capixaba e propostas de combate a dengue, chikungunya e Zika.
É por meio do Centro de Operações de Emergências (COE) Arboviroses, do Ministério da Saúde, e com apoio da OPAS, que o suporte aos estados que vivenciam um cenário epidemiológico semelhante acontece. A ação é uma parceria no fortalecimento de atividades de prevenção, controle, bloqueios de casos, de comunicação e saúde, além de visitas in loco em unidades assistenciais.
Durante o primeiro encontro, que contou com a presença das equipes estadual e federal, o subsecretário de Estado de Vigilância em Saúde, Luiz Carlos Reblin, agradeceu a presença dos profissionais e destacou a importância do trabalho conjunto.
“Será uma semana intensa, de muitos encontros, onde poderemos mostrar os serviços de saúde, a assistência, falar dos nossos relatos e vivências, para que possamos, em conjunto, definir novas ações para enfrentar este momento pelo qual estamos passando em relação, em especial, da dengue”, detalhou Reblin.
A epidemiologista da Coordenação Geral de Vigilância de Arboviroses, do Ministério da Saúde, Camila Ribeiro, reforçou também a relevância do trabalho entre as duas pastas, de maneira que elas sejam complementares. “A nossa intenção é poder colaborar. Sabemos das ações que o Estado já tem feito e que são extremamente importantes, mas entendemos que elas precisam ser complementadas para o enfrentamento da situação epidemiológica que temos hoje”.
Para o consultor nacional da OPAS, Rodrigo Said, uma estratégia a qual o Espírito Santo poderá seguir será a criação de um COE Estadual, para fortalecer ainda mais medidas que visam à redução de óbitos e a organização do serviço para a assistência. “No COE executamos um plano de ação com vários componentes que farão parte dessa estrutura, e no cenário atual é importante pensar nesse escopo”.
Pela manhã, os profissionais participaram de uma reunião para apresentação dos cenários epidemiológicos da dengue, Chikungunya e Zika no Brasil e no Espírito Santo, e pela tarde, a equipe esteve em Cariacica para visita a unidades assistenciais, como o Pronto Atendimento do Trevo e a Unidade Básica de Saúde de Santa Fé. Nesta terça-feira (21), novas visitas acontecem em unidades dos municípios de Vitória, Vila Velha e na Serra. O objetivo é poder conhecer unidades que estejam recebendo fluxo de atendimento de casos suspeitos das arboviroses.
Na programação da semana tem ainda a realização de capacitações em vigilância, diagnóstico, manejo clínico, tratamento; reuniões sobre óbitos; reuniões sobre controle de vetor; e visita ao Laboratório Central de Saúde Pública do Espírito Santo (Lacen/ES). Ao final, com diagnóstico elaborado, os profissionais apresentam as avaliações e propostas a serem aplicadas.
Cenário de crescimento de casos de dengue e de preocupação com chikungunya
Durante a apresentação dos cenários epidemiológicos das arboviroses, a epidemiologista da Coordenação Geral de Vigilância de Arboviroses, do Ministério da Saúde, Camila Ribeiro, pontuou que os modelos de análise já previam um ano epidêmico no Brasil, em 2023, entretanto, o alerta se dá devido à observação de um aumento, principalmente, nos casos de dengue em todo o País, de forma precoce.
“Embora estejamos no período sazonal das arboviroses, que vai de outubro de um ano a maio do outro ano, percebemos um aumento importante nos casos de dengue no Brasil e de forma mais precoce que em 2022. E, apesar de esperarmos, esse cenário atual está nos chamando atenção. No país, atualmente, temos 56% de aumento dos casos em relação ao mesmo período do ano passado. E é um cenário que tem se mostrado com uma situação preocupante, devido à alta letalidade e um grande número de municípios afetados”, informou Camila Ribeiro.
Ainda segundo a epidemiologista, dos mais de 5,5 mil municípios brasileiros, 3.725 apresentam casos de dengue. E entre os estados de preocupação quanto ao cenário para o trabalho do Ministério da Saúde, estão o Espírito Santo, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Mato Grosso, Bahia e Sergipe. “Esta mobilização por meio de visitas não é exclusiva daqui. Em virtude ao cenário que temos hoje no País, estamos fazendo essa mobilização nesses estados. O Espírito Santo, entretanto, é a nossa prioridade nesse momento, pois apresenta a maior proporção de municípios em situação de epidemia de dengue”, ressaltou.
Outra preocupação trazida pela profissional é o cenário epidemiológico que o chikungunya está apresentando no Brasil. Segundo Ribeiro, o País tem atualmente um aumento em 112% no número de casos desta doença em comparação ao mesmo período de 2022. “Em todo ano de 2022 tivemos 175 mil casos, e até a décima semana epidemiológica deste ano já estamos com 46 mil casos. Esperamos um cenário de chikungunya bem importante”.
A atenção a este vírus se dá, como explica a epidemiologista, pela característica de dispersão no território, que é “explosiva”. “Enquanto a dengue tem número de casos mais estáveis em um período de monitoramento, o chikungunya é mais explosivo, pois aumenta o número de repente e isso acaba inflando o sistema de saúde, a assistência, uma vez que a dor é persistente”.
Além disso, ela pontua também que há no Brasil um grande número de pessoas suscetíveis à doença. “Já temos 1.396 municípios afetados pelo chikungunya no País hoje. E já existem estados que não tinham históricos de circulação do vírus que está ocorrendo, como no Paraná e no Mato Grosso do Sul, e temos observado um aumento de casos no Espírito Santo em relação ao ano anterior”, ressaltou.
Visitas Técnicas do Ministério da Saúde
Ao longo de 2023, o Centro de Operações de Emergências (COE) Arboviroses, do Ministério da Saúde, com apoio da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), realizará, entre as ações de enfrentamento à dengue, chikungunya e Zika no território brasileiro, visitas técnicas em estados cujo cenário epidemiológico se mostra de preocupação.
Há planejado o apoio local aos estados de Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Tocantins, Rio de Janeiro e Santa Catarina, além do Espírito Santo. A equipe já esteve em apoio local no estado do Paraná. Entre os objetivos das vistas, têm-se:
– Apoio técnico ao Estado para enfrentamento do cenário epidemiológico de aumento de casos de dengue e chikungunya;
– Realização de visitas técnicas aos municípios com maior número de casos;
– Realização de visitas técnicas nas unidades de saúde que recebem o contingente de pacientes;
– Capacitação de profissionais de saúde em relação ao manejo clínico das arboviroses;
– Reunião técnica a respeito dos determinantes para óbito por arboviroses e discussão de óbitos em investigação;
– Realização de visitas técnicas relacionadas ao controle do vetor.
Fonte : Governo do Estado
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