Entrevista com Vereador Juquinha: “A gestão municipal é um conjunto. A gente está lá, aprova o que é bom”
A cidade de Cariacica está localizada entre o litoral e a região Serrana do Espírito Santo, fazendo divisa com Santa Leopoldina ao norte, Domingos Martins a oeste, com Viana ao sul e com Vila Velha, Serra e Vitória, a leste de seu território.
O município é cortado pela rodovia estadual ES-080, que liga a região Serrana à Metropolitana, pela BR-262, que liga o Estado ao triângulo mineiro e pela BR-101, que dá acesso ao nordeste.
Essa posição estratégica de Cariacica evidencia sua importância econômica para o Estado, no que se refere ao comércio exterior e ao setor industrial, além de favorecer outras vocações e potencialidades, como a pecuária, a agricultura e a preservação ambiental.
Os quase 400 mil habitantes estão divididos em oito regiões. Cariacica tem um comércio de rua forte e é sede de grandes empresas, de diversos setores. Sua arrecadação quase triplicou nos últimos dois anos, saindo de R$ 800 milhões, para mais de R$ 2 bilhões.
Hoje, a Câmara do município conta com 19 vereadores. Um dos parlamentares dessa legislatura é Auci Pereira da Silva, conhecido como Juquinha, eleito com 2.281 votos, em 2020.
Ele é mora há 60 anos do bairro Alto Boa Vista, que faz parte da quinta região do município, junto de Alto Lage, Expedito, Itaquari e Sotema.
Ele começou na política como líder comunitário do bairro em que mora e afirma que seu trabalho “é voltado para as políticas públicas que favoreçam ainda mais o desenvolvimento econômico e o crescimento social, buscando diminuir às desigualdades, junto às comunidades”.
Para Juquinha, Cariacica está no rumo certo. Confira a entrevista com o Vereador:
Como foi a sua trajetória, até chegar à Câmara de Vereadores de Cariacica?
Eu nasci em Minas Gerais, no ano de 1962, moro no mesmo bairro de Cariacica, desde 1963. Fui líder comunitário por três gestões. Iniciei na vida pública em 2013, atuando como gerente da Micro e Pequena Empresa, depois como Subsecretário de Serviços e Gerente de Desenvolvimento Econômico municipal.
Posso dizer que conheço de perto os problemas enfrentados pelas comunidades e as dificuldades dos microempreendedores.
Fale mais sobre sua família e sobre a origem do apelido pelo qual o senhor se tornou conhecido?
Vim para o Espírito Santo aos seis meses. Aos 12 anos perdi meu pai, Joaquim Pereira da Silva . Não vou dizer que fui criado na rua. Fui criado pelos meus irmãos. Deus deve ter me olhado e dito: “Desse eu vou tomar conta”. E realmente cuidou! Trabalho desde os 17 anos. Trabalhei como ajudante na Companhia Siderúrgica de Tubarão, na Rodoviária de Vitória e em duas empresas de ônibus.
Não vou dizer que éramos pobres, porque sempre tivemos a graça do Senhor. Sou viúvo e me casei recentemente com Elizangela Lázaro Ribeiro da Silva. Tenho uma filha, que é pastora da igreja do Evangelho Quadrangular que se chama Emmanuelly Nunes da Silva. Sou um homem evangélico e canto numa banda chamada Impacto Pentecostal.
Esse apelido quem me deu foi minha mãe, Maria Guedes da Silva. Infelizmente eu a perdi com seis anos. Na verdade, ela se referia a mim como “Juca Lindo”, porque eu era um bebê muito bonito. Ao longo do tempo o apelido virou Juquinha e combina com meus 1,65m.
É muito difícil alcançar o posto em que cheguei, com uma origem como a minha, vindo da condição que vim. Um menino pobre, sem padrinhos políticos. Mas, devido à minha empatia e muito trabalho, estamos aqui. E isso só foi possível porque não sonhei sozinho. Deus sonhou comigo!
Sua primeira tentativa de se tornar vereador foi em 2012. Comente sobre a sua evolução junto aos eleitores.
Por gostar de ajudar às pessoas, entrei para a política. Apesar de ter sido líder comunitário em Alto Boa Vista e obter apoio expressivo nos bairros da região 5, sou vereador de toda a Cariacica. Sou um dos poucos que tiveram votos em todos os colégios eleitorais do município.
Me candidatei a primeira vez em 2012. Foram 666 votos. Quando alguns sugeriam que eu desistisse, um amigo me fez ver que eu tinha potencial para me sair melhor. Em 2016, dediquei mais tempo e trabalho, porém fiquei de suplente, com 1.604 votos.
Nas últimas eleições, conseguimos 2.281 votos. Sou perseverante desde novo. Na minha trajetória de vida, perseverança é a palavra.
Como tem lidado com os anseios da região 5 ?
Embora todas as regiões precisem e atenção, no caso da região cinco, a gente realiza muitos trabalho relacionados a esgoto, quedas de árvores e calçamento, o que são coisas pequenas, se comparadas com as demandas de outras regiões.
Conseguimos muitas indicações de obras. Temos um perfil diferente de serviços, um exemplo é um projeto específico do meu mandato, no qual um professor de educação física realiza circuitos aeróbicos em seis núcleos diferentes, não só na região cinco.
A educação que a cidade oferece é suficiente para preparar às próximas gerações?
Na minha região, temos hoje sete escolas municipais, entre educação infantil e de ensino fundamental. Cariacica é top na área de educação! Além disso, contamos com a escola cívico-militar e com uma escola municipal em tempo integral.
Era uma proposta de campanha do prefeito Euclério Sampaio, trazer a implantação das três escolas cívico-militares e a creche em tempo integral. Foi uma inovação dele para o município. Acredito que, em breve, haverá pelo uma menos uma escola cívico-militar em cada região.
Além disso, hoje temos professores de educação especial, o que não havia antes. Nossa educação melhorou muito. A Prefeitura oferece o material escolar, os uniformes. O prefeito inovou e até calçados são fornecidos.
Há TV nas escolas, os alunos tem suporte para as aulas não presenciais. Na pandemia cada um tinha seu próprio aparelho, além de um canal para acompanharem às aulas.
Como vereadores, nos cabe dar sustentação e participarmos, para viabilizar esses projetos. São mais de 100 escolas no município e acompanhamos tudo de muito perto.
O modelo de ensino cívico-militar é muito procurado pelas famílias. Faltam vagas e percebemos essa necessidade, até pela conjuntura da cidade do País. É muito interessante investir nessa tendência de educação e disciplina. É outro nível de educação e a diferença é nítida. É outro patamar, trata-se de um investimento em longo prazo na segurança.
Quando olhamos para as escolas comuns, não encontramos mais aquele respeito com os professores, que existia antigamente, na minha época de estudante, por exemplo. Na escola cívico-militar é diferente. Esse respeito é natural.
Sou presidente da Comissão Municipal de Educação. A gente vê que incidentes de desrespeito e ameaças a professores e colaboradores é quase e zero nessas escolas.
A Saúde obedece a essa tendência positiva da área da educação?
Também sou Presidente da Comissão Municipal de Saúde. São pastas importantes e difíceis de acompanhar. Por mais que a população ainda reclame, nossa saúde melhorou muito. Temos Unidades de Pronto Atendimento no Trevo, em Bela Vista, em Flexal e em Nova Rosa da Penha.
Foi ampliado o quadro de médicos da família de 37 para 87. O contexto geral da saúde no Brasil está difícil, inclusive nas redes privadas, que demoram até dois meses para realizar uma consulta. Mas Cariacica avançou, com novas unidades de saúde e muitas reformas.
Um problema que enfrentamos ainda é a falta de médicos em algumas especialidades. Temos a estrutura que está boa. A maioria das Unidades de Saúde tem farmácia, temos também a Farmácia Popular.
Estamos na expectativa da inauguração do Hospital Geral de Cariacica. Tenho acompanhado a obra, que deve ficar pronta antes do prazo estipulado. Esse foi um tiro certo do prefeito e do governador.
Uma porta gigantesca na área da saúde, não só para Cariacica, mas para os municípios vizinhos.
Cariacica tinha um orçamento estimado em R$ 800 milhões. Hoje esse valor é praticamente três vezes maior. A que atribui esse aumento dos últimos dois anos?
Certamente à credibilidade do prefeito. Ele consegue fazer o povo acreditar em Cariacica novamente, mantendo os seus impostos em dia. Ninguém investe onde não há retorno aparente.
Somos 19 vereadores. Todos parceiros do prefeito, o que não significa que somos coniventes. O apoiamos em tudo que seja favorável à população. E as demandas, até agora, têm sido favoráveis.
Ele confia na gente e a gente confia nele. A gestão municipal é um conjunto. A gente está lá, aprova o que é bom. È uma parceria harmoniosa, transparente, com visibilidade e coerência. Fico feliz, por ele ter conseguido estabelecer uma relação de parceria com todos os vereadores. Ele já tem a habilidade de lidar com o legislativo, veio de cinco mandatos como Deputado Estadual.
Com isso, as portas estão muito mais abertas. Ele sabe dialogar e, através disso, esse relacionamento funciona bem com o Governador Renato Casagrande. O prefeito tem o carisma e a sinceridade que passam confiança. O legislativo o conhece e gosta dele.
Se os empresários estão investindo mais em Cariacica, estão fazendo por causa dele. Um exemplo é a redução do valor do ISS, que contribuiu para a indústria e o comércio entrarem nesse novo momento econômico.
Com a redução dos impostos, Cariacica ficou mais atrativa para os investidores. Micro, pequenas e grandes empresas vieram para a cidade.
E quanto à geração de emprego, renda e a qualidade de vida em Cariacica? Quais são as suas expectativas para os próximos anos?
Estamos vivendo outra página da história, com Cariacica deixando de figurar nos noticiários por causa de notícias negativas. O que Euclério Sampaio tem feito com Casagrande é muito importante. Em breve, estará pronta a nossa orla e ano que vem, será entregue o Mercado Municipal. Teremos mais quatro viadutos e isso dará maior mobilidade urbana. Temos a obra do Hospital Geral. São quatro obras de impacto social, que certamente vão atrair mais empresas.
Deus me concedeu o privilégio de fazer o mandato com Euclério, que nos respeita, nos ouve e aconselha muito. Ele nos passa confiança em um futuro melhor.
Torço muito e sei que vou viver e para ver Cariacica deixar de ser o patinho feio, para virar um cisne branco. Cariacica ainda será a menina dos olhos do Espírito Santo.
A população de Cariacica ainda sofre muito por causa das chuvas. As antigas gestões são as responsáveis pela calamidade das enchentes? Como resolver ou amenizar esse problema?
Sim. Podemos sim, atribuir a culpa às gestões anteriores. A região da Beira-Rio, por exemplo: Se houvesse uma fiscalização que não permitisse essas pessoas construírem ali, invadindo os rios e os córregos, a realidade hoje seria outra. Mais um exemplo é Porto de Santana, onde os valões passam dentro das casas. Os servidores não conseguem nem fazer a limpeza. Há casas de um lado e de outro, ligadas por pinguelas.
Já fui subsecretario de serviços e essa questão demandava muito problema. Não tem como operar às máquinas e às vezes, até a limpeza manual é comprometida.
As decisões lá de trás que trouxeram essa dificuldade atual. Se Cariacica sofre, é por causa das más decisões de gestões anteriores.
Quando a gente vê os estragos causados pelas chuvas, em uma imagem ou em foto ou vídeo nas redes sociais, temos uma impressão. Mas, quando a gente chega e vê de perto a calamidade, vemos que a realidade é ainda mais triste. Eu por exemplo, fui à Vila Rica, um dos bairros mais afetados nessas últimas chuvas.
As pessoas dizem que não existe amor, mas existe muita gente boa ainda no mundo. Conseguimos ajudar o Corpo de Bombeiros, com equipamentos, máquinas e cordas. Ajudamos a resgatar criança, animais, levantamos carros.
Nunca tinha presenciado uma situação tão difícil. Apendi muito sobre a vida. Fiquei muito emocionado. As ruas viraram rios, a correnteza estava carregando às pessoas. Mas vi que o ser humano ainda tem compaixão pelo seu semelhante.
A Prefeitura está tentando desapropriar essas pessoas, para dar uma condição mais digna.
Tem algum apelo para o Governo do Estado, nesse sentido?
O ideal era que as pessoas ribeirinhas, os moradores, pudessem sair dali para um lar com mais dignidade. Não tem como viver ali. Vai chover de novo e essas pessoas vão perder tudo novamente. É a primeira vez que vi de tão perto a realidade dessas pessoas. Essa chuva foi uma das mais fortes dos últimos anos.
Ouvi relatos de várias pessoas que perderam tudo. O governador e o prefeito estão cuidando dessas pessoas, com um cartão de R$ 3 mil, para que possam recuperar alguma coisa.
Acho necessário um olhar que possa contemplá-los com novas moradias. Alguém precisa tirá-los desses locais, para que os rios possam ter uma vazão melhor. Com o assoreamento e as construções irregulares o fluxo foi afunilando e é isso o que causa às enchentes.
Mário Berardinelli | Editor
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